quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Mulheres

E o grupo com as mulheres em Kati cresce. Já são estudantes, mais mulheres grávidas, donas de casa, e qualquer uma outra que esteja interessada em aprender ou partilhar (afinal sou eu que mais aprendo) sobre saúde materno-infantil. Fiquei surpresa ontem com a quantidade de pessoas novas, e o marido de uma delas, persiste como o unico homem do grupo. Do mesmo jeito dos grupos do Brasil, muitas mães seguram os bebes nos colos enquanto assistem a palestra. Hummm, chegou uma mulher muito, mas muito animada e super disposta a me ajudar com as traduçoes. Teve até momentos que acho que ela falou bem mais do que eu tinha dito (risos)...

Ontem o tema seria as dúvidas mais frequentes das gestantes, e abri a discussão, porque não tinha a menor idéia de quais eram as dúvidas das mulheres aqui. Bem, foram muitas, mas muitas surpresas mesmo. Começaram com algumas perguntas que para mim soaram muito sem sentido, mas logo entendi que aqui ainda existe muitos mitos em relaçao a  gravidez... "Por que a mulher grávida não pode sair no crepúsculo?" Por que não pode sair na madrugada? " E por aí foram seguindo, até um ponto que disse estas afirmaçoes das pessoas mais velhas não passavam de crenças populares e que não fariam mal aos bebês. Uma mulher um pouco mais velha do que as outras, levantou a mão e me explicou que estes cuidados que elas precisavam tomar era para proteger as gestantes e as crianças do Diabo...Hummmm, entendo, mas acho que podemos continuar com as questões. Ainda bem que elas sorriram também quando não consegui controlar o meu sorriso... :):):):)

E a conversa seguiu até se tornar algo bem mais profundo. E lá estavam as mulheres de um país mulçumano conversando abertamente sobre sexualidade e relacionamentos. Questões profundas, desabafos e algumas reflexões no sentido do que gostariam de ter por parte dos maridos...Carinho, compreensão, monogamia, prazer...Falamos de casamentos forçados, mutilaçao sexual e até da falta de diálogo entre os casais no Mali. Algumas perguntas e considerações me deixaram sem respostas...Ainda falta muito a aprender, ensinar, são muitas coisas para serem mudadas, trabalhadas...Mas também lembro que é um pouco desta forma que conseguimos mudar as realidades: educaçao em saúde!

No momento da arte muitas , mas muitas cançoes regionais dedicadas às mulheres africanas. Tive até que dançar (risos, principalmente de quem já me viu dançando e sabe que não tenho muito talento). Estão tentando descobrir cançoes de ninar regionais, prometeram cantar algumas no próximo encontro. Ah, e quando surgiu uma pergunta se poderiam usar o pilão durante a gestação para preparar a alimentação diária da família ficaram surpresas quando eu perguntei se era muito esforço, quantas vezes por semana, e qual o tamanho de um pilão..."Mas você nunca fez isso Carolina????" Nunquinha, e agora estão planejando a minha estreia com um pilão para os próximos dias (prometo que vou postar uma foto deste evento:)

Ah, o blog da ASHOKA de janeiro foi publicado hoje (em ingles), segue o link do meu e dos outros participantes do programa:

http://ashoka.org/story/dispatches-field-young-champions-maternal-health-check

http://ashoka.org/story/why-do-women-die-mali

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