quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Borboletas

Encontro com as pessoas da comunidade
Após conhecer o escritório e algumas das mulheres formadas pela ASDAP em Koutiala e regiões próximas, sugeri que poderia conhecer alguns dos vilarejos próximos, conversar com algumas mulheres. Afinal, o meu propósito de sair da capital é justamente para descobrir novos problemas, novas formas de atuação...Alguém logo se disponibilizou e saiu com o propósito de avisar as mulheres de um vilarejo cerca de 20 km de Koutiala, mas já era fim do dia, e o encontro seria as 8 do dia seguinte, então, eu não esperasse muita gente para entrevistar. Falei que estava tudo bem, e no dia seguinte vi de longe todas as vestes coloridas das mulheres que nos aguardavam debaixo de uma grande árvore. Depois crianças, mais mulheres, alguns homens líderes da comunidade, alguém que pelo que entendi, era uma espécie de prefeito do vilarejo, e uma mulher representando um dos centros de saúde local. E em um grande circulo, começaram a falar de seus problemas, mas sempre com um belo sorriso no rosto...

Casas do vilarejo

Falaram das dificuldades financeiras após uma queda no preço do algodão, já que a renda da comunidade é basicamente agrícola, e de um tipo de farinha que produzem de um fruto de algumas árvores da região (juro que escrevi o nome em algum lugar, mas não consigo encontrar). E aí fiz a pergunta da rotina, e muito surpresa, me perguntei como as mulheres conseguem trabalhar tanto...Cuidar da casa, dos filhos, sair para o campo, vender algo que conseguiram produzir na feira e por aí vai. O detalhe é que gastam cerca de seis horas por dia apenas para conseguir água para os afazeres domésticos e para o cultivo. Falaram que se não tivessem que procurar agua, a vida talvez seria mais fácil...Não esqueçam da média de 6,4 filhos por mulher que é a taxa de fecundidade do Mali!!!!!! E ainda soube um dia desses que se alguma criança nao vai bem de alguma forma (ou jovem, ou adulto), é a mãe a única culpada por ter falhado na sua educaçao.

Centro de saúde da comunidade

Entrei no assunto de saúde materna, e lá se foi mais aprendizado e, claro, que também ouvi a confirmaçao de muitos dos problemas já diagnosticados por mim...Baixo número de partos hospitalares e consultas de pré-natal ( com o claro argumento dos preços altos dos mesmos, algo que quase nunca podem pagar) e até chegamos no ponto da estrutura do centro de saúde. Falaram muitos minutos da sala em que fazem as consultas de pré-natal e planejamento familiar, bem ao lado de outra pequena sala onde outras mulheres estão em trabalho de parto. Querem o mínimo de privacidade (para ambas as partes), dignidade, conforto, e respeito!!! Concordo...


As vezes mesmo tão longe do Brasil vejo o quanto as mulheres estão ainda subemtidas a tantas condiçoes de opressão semelhantes. E um viva para as nossas borboletas!!!

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