terça-feira, 25 de janeiro de 2011

ASDAP

Este é o nome da ONG que vou trabalhar a partir de agora. Após alguns primeiros encontros e contatos, decidi conhecer a cidade de Koutiala, cerca de 300 Km de Bamako. Segundo o diretor da ONG, seria o melhor local para o meu projeto, pois é onde a ASDAP mais tem trabalhos na área de saúde da mulher, apesar da ONG atuar em todas as 5 regiões do Mali. Aceitei o convite, já que a história de me mudar (ou passar algum tempo do mês em outra cidade) me deixou um pouco apreensiva, afinal somos sempre resistentes à mudanças... Também me animei com a idéia de sair da capital.
Local do festival de musica nas margens do rio Níger

Fui o caminho inteiro com a máquina na mão esperando encontrar algum camelo pelo caminho (risos), mas me impressionei com a quantidade de verde que enfeitava as estradas até Koutiala. Muitos baobás por toda parte e inclusive as mulheres vendendo os frutos do baobá nas estradas (é, eu também nao conhecia fruto de baobá). Paramos no caminho em Segou, cidade em que todos tem falado ultimamente pois se aproxima um festival de música que acontece lá todos os anos e é bem famoso aqui no Mali. Cidade bem agradável, inclusive visitei o lugar do festival e adorei saber que é na beira do rio (inclusive tem palco flutuante).

Encontro com mulheres da ONG ASDAP
Chegando em Koutiala fomos conhecer a médica que provavelmente será a minha supervisora nos trabalhos por lá. Dra Assiata, é quem cordena as atividades da ASDAP há 12 anos em Koutiala. Claro que bem simpática, e fiquei feliz por saber que estoudou medicina na Rússia, o que significa saber lidar bem com as diferenças (o que realmente faz diferença quando estamos em um país que quase não tem estrangeiros). Já foi me tranquilizando com a questao de eu ser vegetariana, que ela mesmo tinha muitos amigos de outros países que também eram " assim" (ufa!).

Fui convidada a visitar um encontro que a ASDAP sempre faz com as mulheres da regiao de Koutiala, uma especie de formação em saúde reprodutiva. Me deparei com quase 70 mulheres nas dependencias da ONG. Cantando, tocando um tipo de percussão local e com uma dança para lá de animada, fui recebida com toda a festa (vou tentar postar um vídeo aqui). Tive um momento de fazer perguntas às mulheres presentes e, fico feliz em dizer), que em alguns minutos de conversa fui capaz de aprender mais do que em meus tres primeiros meses de pesquisa no Mali. No meu relatório que envie para a ASHOKA no início do mês, fiz um levantamento após as entrevistas, análise de estatisticas,e visita a centros de saúde, dos principais motivos que levam as mulheres a morrer no Mali. Resolvi fazer a mesma pergunta as mulheres que se encontravam na ASDAP e (surpresa), elas citaram os mesmos motivos que levei tres meses para descobrir: falta de planejamento familiar, pobreza, analfabetismo, malária, mutilaçao sexual, falta de assitencia ao parto, falta de pré-natal gratuito e por aí vai...Resolvi perguntar se alguem tinha alguma soluçao para o problema, e (surpresa de novo), as mulheres começaram a abrir pastas e mostrar métodos contraceptivos!!!! Achei o máximo, toda a orientaçao com relaçao a educaçao sexual que as mulheres de uma pequena cidade no segundo país mais pobre da Africa tinham...Parabés a ASDAP!
Mulheres mostrando métodos contraceptivos

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