Impressões

" Agarra um raio de sol e desprende-o onde houver noite..." (Gandhi)

Um domingo para conhecer um pouco da cidade. Dr Issa e o seu amigo me pegaram no hotel  no fim da manhã e fomos primeiro dar um passeio no zoológico. Fizemos o trajeto de moto, e eu sempre olhando a cidade. Acho até que vi um cinema, mas acabei nem perguntando. Vi que tinha muitos locais em construção, e Dr Issa me explicou que são reformas para a festa da independência, que ocorrerá em setembro e este ano é o cinquentenário... O zoo fica em uma área nos arredores da cidade, achei o local bonito. É simples,  sem muitos animais, mas da para ver uma amostra da flora local. Achei engraçado quando vi que tinham porcos, cavalos e até uma galinha durante o passeio e eles iam perguntando se eu conhecia aqueles animais. Muitas famílias africanas fazendo o mesmo passeio com seus filhos.

Eu e Dr Issa Konaté

Depois fomos no museu nacional. Não preciso nem falar que adorei. Em uma área verde, e com belas construções. Dava para ver que se trata de algo novo. Vi as exposições permanentes, e eles iam me explicando um pouco da cultura local, das etnias, tribos e rituais, etc. Achei interessante uma exposição sobre máscaras e os rituais tribais, com todas aquelas histórias para fertilidade, estação de chuvas, etc.

No fim do passeio passamos na feira de Medina, que é praticamente de frutas e verduras, mas pode-se encontrar quase tudo! Algo bem típico do Mali, com todas aquelas pessoas de roupas bem coloridas e muitas frutas, legumes e confusão :) Fiquei observando as mulheres carregando as frutas na cabeça, com os bebes sendo levados nas costas, presos por tecidos coloridos. Muitos dormiam enquanto suas mães trabalhavam, e todos pareciam ter semblante tranquilo... A feira lembra um pouco as das pequenas cidades do nordeste (como a que tem em Caicó), bem populares, e com os pequenos agricultores vendendo suas produções, mas acho que a daqui tem menos organização.

A minha impressão do povo foi talvez a melhor possível. Muita pobreza claro, mas parecem ser pessoas trabalhadoras, dispostas sempre a ajudar se necessário ou a sorrir para as condições de vida... Não vi pedintes, como costuma ter em qualquer local que tem turismo, mas pessoas simples vendendo algo, tentando ganhar a vida. Em todos os locais muitos pequenos comércios, vestes coloridas e alegria, e acho que essa é a minha leitura inicial.

Não sei como será o projeto que farei, mas já escolhi o nome, baseado em tudo que posso aprender com as pessoas daqui: A arte de viver! Eles parecem saber os profundos segredos da existência, já que suportam todas as adversidades e seguem com os seus sorrisos e as suas belas cores...Pensei que os africanos sobreviviam, mas não, eles vivem! E especificamente para os malienses, eles vivem com muita arte...

Eu e Dr Ba Berthé (modelo do transporte público de Bamako)