Ao encontro do destino...

"Ensaia um sorriso e oferece-o a quem não teve nenhum..." (Gandhi)


Bem, no fundo eu sabia que a temporada de viagens calmas e organizadas estava chegando ao fim, até porque são coisas que eu costumo atrair, sei lá...

Voo até Bamako: tranquilíssimo e a curiosidade foi que , até então, eu não tinha encontrado nenhum brasileiro ainda na viagem inteira (nem na França, nem na Índia), o que costuma ser raro, porque nós brasileiros estamos em todos os lugares (no meu caso, quase ao mesmo tempo!). Aí durante o embarque conheci uma família que mora aqui em Bamako (pelo sotaque acho que são do sul), e foi uma imensa alegria falar português após tantos dias. Me ensinaram onde moram, e devo passar lá depois para fazer algum contato. Ah, e eles comentaram que tem  muitos brasileiros morando aqui, apesar de no site da embaixada não ter nenhum registro no dia em olhei (brasileiros em Bamako: 0). Fiquei feliz de não ser a única!

Chegada em Bamako: caótica, com direito a chuva com muitos raios, piloto arremeter aeronave durante o pouso e tudo o mais. Depois de muita chuva e uma longa espera pela mala (muito engraçado a esteira, as malas caem a todo momento, seria bem mais rápido se fosse manual :), vi que o médico que eu tinha feito contato da ONG não estava lá. Foi uma confusão de pessoas me oferecendo táxi, cartão telefónico internacional, querendo carregar a mala por uma gorjeta  e , o pior, era que o francês deles eu não entendia nada.... Bom, após alguns minutos, resolvi entrar num táxi. Primeiro problema, eu não anotei o nome do hotel, só o endereço, e aí foi um pouco difícil conseguir localizar, mas acabou dando certo. Como estava chovendo muito não deu para ver muita coisa no trajeto.

Chegada no hotel: quase não encontram a minha reserva, mas também deu certo no fim. O hotel, mto bom, com tudo o que qualquer hotel dá direito ( um assalto o preço, mas foi um único que tinha vaga quando fiz a reserva ontem antes de vir). Fiquei mto feliz por ter wi fi!!!! Dormi exausta, após quase 30 horas de viagens e aeroportos. Pela manhã enviei um email para o medico da ONG, e fiquei no quarto para ver se ele respondia. Resolvi abrir o frigobar e todas as garrafas saíram rolando pelo chão (acho que quebrei algo). Bom, o resultado foram duas garrafas de cerveja quebrada e os tapetes encharcados. Lá fui eu pedir socorro (como digo isso em frances???). Bem, após alguns minutos, tudo resolvido! Dr Issa Konaté avisa que vai passar mais tarde no hotel para conversarmos. Enquanto aproveito a net, escuto algo estranho na sala de banho. Um vazamento debaixo da pia!! Tento consertar e aí a situação piora muito...Enquanto procuro no dicionário como eu digo vazamento em francês ( e por sinal, não encontrei), a agua invade o quarto e os tapetes mais uma vez (risos). Depois do segundo incidente, eles resolvem me mudar de quarto. O bom disso tudo é que fiquei conversando com os funcionários que vieram ajudar, e quando eu falava que era do Brasil todos abriam aquele sorriso. Falavam dos jogadores, dos times de futebol e até de algumas coisas de geografia (tipo floresta amazónica, clima e tal). Um deles me disse que eles estudam muito sobre o Brasil na escola. Um país bem querido por aqui...

Bem, continuando o dia, Dr Issa Konaté vem me encontrar no hotel com um amigo (Dr Bâ Berthé), e falam que eles foram para o aeroporto hoje de manhã, pois entenderam que eu chegaria as 8:30 da manhã...Pedi para ver o quarto que eu ia morar, e o dr Issa me perguntou se tinha problema eu andar de moto (como assim????). E lá vou eu na moto no meu primeiro passeio pela cidade (mtos risos). Diria que o transito era ruim se não tivesse ido na India, então o transito me pareceu até tranquilo e organizado. Começou a chover (estamos na estação de chuvas) e paramos embaixo de uma ponte para esperar a chuva amenizar. O engraçado é que todas as motos também pararam ao nosso lado, e com todos aqueles coloridos dos vestidos das mulheres. Uma cena que merecia uma foto. Seguimos para o bairro que fica a ONG, e logo percebi que era bem diferente do bairro em que eu estava hospedada (ruas de barro, esgotos a céu aberto, etc). Chegamos na ONG e fomos no andar de cima, que é onde tem os quartos para alugar. Tinha algumas crianças (acho que tem uma família que vive no quarto ao lado do que eu aluguei) e móveis por todo lado, mas gostei do clima do lugar. Entrei no quarto e fui direto ver a sala de banho. Para a felicidade de todos ( e principalmente a minha), a tal "bacia" que tinha na descrição da internet era uma banheira!!!!!! (gargalhadas). Andamos um pouco pela rua e vi que na vizinhança tem de tudo, pequenos comércios (nas casas mesmo) por toda parte. Compramos um colchão, dois travesseiros. O resto das coisas ficou para segunda...

Na volta conversei um pouco com os dois médicos. Fizeram faculdade aqui, um é ginecologista e o dr Issa é (adivinhem??) infectologista! Depois que soube disso, aí foi o maior papo sobre as doenças infecciosas e o sistema de saúde daqui. Interessante como todos os médicos que são dessa área são apaixonados pelas doenças tropicais. Combinamos de fazer algo amanhã, eles falaram algo em relação ao sábado, mas não entendi bem (acho que é algo em relação a religião). Gostei muito deles, e é o dr Issa que vai supervisionar o projeto que farei aqui.

 Bom começo...