C´est la vie...

       A cada dia só desejo mudar mais e mais... São tantas coisas, mulheres, crianças, pobreza, cultura...Como posso contribui, melhorar, transformar??? Vi no hospital na quinta uma mulher mulçumana que tinha abortado, provavelmente, segundo dr Togo, causado pela malária (o governo até fornece mosquiteiro gratuito para as gestantes). E aí após ver a ultrassonografia, dr Togo chama para auxília-lo em uma AMIU (procediemnto realizado para esvaziar o útero). Como assim??? Voce vai fazer uma AMIU nesta sala de exame físico??? Ele sorriu, e me explicou que ela não teria como pagar um hospital, então precísavamos fazer sim. Sem um lençol, sem anestesia, e fui eu mesma que preparei o material, deixando imerso em um balde por alguns minutos em uma " água de desinfecção". Quase caí durante o procedimento, não sei se pela insalubridade do lugar, ou pelos gritos da mulher...Queria ao menos ter explicado a ela o que estava acontencendo, dizer quanto tempo iria demorar, o motivo daquela conduta...Mas ela só falava o dialeto local de sua etnia (como a maioria das pessoas daqui) e os médicos acabam não tendo tempo ou não tem o hábito de explicar nada ao paciente...
      Saí pensativa, não sei se triste, impressionada, ou apenas desejando profundamente mudar coisas que talvez eu não possa...Recebi um email no mesmo dia, logo após o acontecido, de Lílian, grande amiga e que é residente da MEJC: " ...acabei de chegar de uma reunião da mejc para implantação (de verdade!) do parto humanizado! Tô tão empolgada q mal consigo me expressar! Para começar percebi q a UPH tinha mudado...agora cada salinha é uma suíte de parto com chuveiro quente, com um único leito e com bolas, cavalinhos, banquinho para parto de cócoras, rolinhos de massagem, óleos para massagem  e um aparelho de som com cd's relaxantes! Fiquei super feliz e nem sabia que isso era parte de uma iniciativa de um grupo de enfermeiras dispostas a mudar o conceito de parto na mejc. Hoje teve uma reunião com toda a equipe da maternidade (enfermeiras, médicos, nutricionistas, pediatras, etc) com o intuito de mudar de uma vez por todas a qualidade da assistência ao parto ou pelo menos começar a mudar. E eu só lembrei de vc!...". Para quem não sabe, as salas de parto da MEJC foi onde tudo começou. Me perguntava porque o parto não poderia ser alegre, feliz, sublime, e não associado a dor, sofrimento, medo... E aqueles olhares das mulheres me impulsionaram e me fizeram voar a este continente! É, talvez eu possa mudar algo sim...

Mortalidade materna no Brasil em 2006: 55/100000
Mortalidade materna no Mali em 2006:464/100000